" Leve é o Corpo que se solta, Livre é a Alma que se entrega ao Amor.... Segue O que se ergue no Horizonte!"

- Grande Mãe, recebida por Ísis de Sírius

07 novembro, 2013

Sou uma Caminhante





Sou uma Caminhante em trilhos de ilusão
procuro o Caminho que me leva ao Coração
Umas vezes Só, outras acompanhada,
Não esmoreço nesta longa Jornada

Não procuro solucionar questões
Não anseio o Conhecimento
Sou uma Acólita ainda,
para certas respostas tenho ainda Tempo

Protagonismo ou prestigio ferem-nos a alma
Apartam-nos da nossa Integridade
provocam feridas em nós e em outros
e para sarar demoram uma Eternidade

Sou uma Caminhante, tudo o que busco é para mim mesma
Caminho com Amor e Temperança, o solo que é o corpo da minha Mãe
E o que do caminho retiro para mim é a sua Sabedoria telúrica, sacro... profunda
Mas não a possuo, é-me emprestada e posso partilhá-la com quem me quer bem.

Sou uma Acólita Caminhante... e os meus passos marcam o compasso
do ritmo, das batidas de um coração que tamborila no peito que abraço
sintonizado com o cardiaco da Grande Mãe.

- Isis de Sirius

03 novembro, 2013

:: O Regresso de Lilith ::



Gatos selvagens encontrar-se-ão com hienas ;
Cabras- demónios se unirão.
Então Lilith, repousará
e encontrará um lugar para dormir.
Isaías 34:14



Eu sou Lilith, retornada do meu exílio .

Eu sou Lilith , regressando da prisão do puro esquecimento, a grande leoa e deusa das luas gémeas. Eu reuni numa taça o que não pode ser recolhido, e eu bebo-a, pois Eu Sou a Sacerdotisa e o Templo. Não deixo uma gota para ninguém, para que eles pensem que eu tive o suficiente. Eu copulo e multiplico por mim mesma, para criar um povo só meu e, em seguida, mato os meus amantes para abrir caminho para aqueles que não me conhecem.

Eu Sou Lilith, a Mulher Floresta. Eu não conheço a esperança, mas conheço os leões e as verdadeiras bestas. Eu impregno todas as peças em mim para tecer o conto, eu reuno as  vozes no meu ventre para completar o número de escravos. Eu devoro o meu corpo para não ser acusada de ter fome e bebo a minha água, por isso não tenho sede. As minhas tranças são longas para o inverno e as minhas malas não têm tecto. Nada me sacia e nada me preenche, e eu regresso para ser a Leoa dos perdidos na Terra.

Longas são as minhas tranças.
Distante e longo...
Como um sorriso que se desvanece à chuva
Qual torpor após o prazer alcançado.
Os meus arrepios são cicatrizes de sombras, às vezes
E brilhos da lâmina, quase sempre.

Eu sou a Guardiã da Fonte, a soma dos contrastes. Beijos no meu corpo são as cicatrizes de quem tentou. Da flauta entre as coxas a minha canção ergue-se e da minha canção flui a maldição, água sobre a terra.

Eu Sou as duas luas Lilith. A mão de cada donzela, a janela de cada virgem. O anjo da queda e consciência do sono leve. Filha de Dalila, Madalena e das sete fadas. Da minha luxuria erguem-se montanhas e rios se dividem. Eu regresso para ferir o punhado de virtude com a minha água e esfrego o óleo do pecado sobre as feridas da privação .

Eu Sou a maldição das maldições do passado
A sedutora dos navios para que a tempestade não os naufrague
Os meus nomes enfeitam as vossas línguas quando sedentos 
Me seguem como o toque segue o beijo
E possuem-me como a noite no peito da sua mãe.

Eu Sou Lilith, o segredo dos dedos que insistem. Abro a estrada e revelo sonhos e pnho a nu as cidades da masculinidade para o meu dilúvio. Eu não reuno dois de cada espécie, mas torno-me neles para que as espécies se mantenham puras de qualquer virtude.

Os sonhos estão abertos para mim
Eu sou a consciência do sono leve
Eu uso e derramo o sonho
seduzo os navios para longe e não oriento a tempestade
Eu disperso o céu com a destreza de uma nuvem
Para que ninguém alcance o meu mel
Eu não tenho casa e não tenho travesseiro
Eu sou a núa
Quem dá à flor a nudez do seu significado.

Eu Sou Lilith, a taça e a guardiã
Eu vim para dizer :
Mais do que uma taça para mim
Eu vim para dizer :
O servo é cego
Eu vim para dizer :
Adão, Adão, estás ocupado com muitas questões, mas a necessidade é uma delas.

Reúne-te a mim
A necessidade é uma
Vem a mim na chuva dos teus olhos
Trespassa a tua montada no meu abismo
Esculpe as tuas características na memória das minhas palmas
E respira a tigresa que espreita num encolher de ombros.

Eu Sou Lilith, o verso da maçã. Escreveram livros sobre mim, mesmo que não me lesses. Eu sou o prazer desenfreado, a esposa rebelde o cumprimento da luxúria que traz a grande destruição. A minha camisa é uma janela para a loucura. Quem me ouve merece morrer e quem não me ouve será morto pelo arrependimento.

Eu sou a lua completa
Astreia é a minha bússola e migração para a minha casa
Ninguém bate à minha porta
Nenhuma casa leva à minha janela
E nenhuma janela existe, apenas a ilusão de uma janela.

Eu não sou o cavalo teimoso ou a montada fácil, apenas o arrepio da primeira sedução.
Não sou nem o cavalo teimoso nem a montada fácil, apenas a fusão da redenção final.

Eu sou Lilith, a mulher destino
A última dança de Salomé e o esvanecer da luz
Eu escalo a tua noite, pedra sobre pedra, sempre que o sol da ausência sangra no horizonte
Eu chego para definir um sonho sobre a mesa
Eu imiscuo-me na tua mente vagabunda
Eu arranjo espaço para a minha cabeça no teu sono .

Para as minhas chamas, eu subo as escadas da noite
E para os teus sonhos
Eu não busco a certeza, mas a obsessão
Não busco a chegada, mas o prazer de não chegar.
A tua noite é a minha escada para mim
E a minha mão por trás do imaginário.

Eu sou os dois sexos, Lilith. Eu sou o sexo desejado. Eu tomo e não sou dada. Trago de volta a Adão a sua verdade, e a Eva o peito feroz para que a lógica da criação seja apaziguada .

Eu sou a única que foi concebida sob o signo do extâse
Ela, cuja presença se ergue
Ela, cuja língua é uma colmeia
Ela, que é um bolo, devorada e mantida
Ela, que é a fome chorosa
E quem preserva Limbo.

Eu sou a arrogância dos dois seios
Brotando para crescer e rir
Para querer e ser comido
Os meus seios são salgados
Tão altos que eu não consigo alcançá-los:
Beija-os para mim.

Duas lâmpadas que vislumbram duas luzes
Brotam para que as suas travessuras possam ser perdoadas.



Eu sou Lilith, o anjo lascivo. A primeira montada de Adão, corruptora de Satanás. A sombra do sexo reprimido e o seu mais puro grito. Eu sou a donzela tímida do vulcão, a inveja, porque eu sou o mais belo sussurro do deserto. O primeiro paraíso não me suportou. Eu fui empurrada para semear o conflito na Terra, e provocar nos leitos a discussão dos meus assuntos.

A minha mão é a chave para a chama e o ardor da esperança
Os vossos corpos são lenha e minha mão é a lareira
A minha mão está desenfreada de desejo:
Com fé
Ela move montanhas.

Eu, a deusa das noites gémeas, o destino do sábio. A unidade de sono e vigília. Eu sou o poeta feto. Eu matei -me e encontrei-a. Eu volto do meu exílio para ser a noiva dos sete dias e a destruição da vida futura.

Eu sou a leoa sedutora. Eu volto para matar os prisioneiros e governar a terra.
Eu volto para consertar as costelas de Adão e livrar os homens das suas Evas.

Eu sou Lilith, retornada do meu exílio para herdar a morte da mãe, 
a quem eu dei à luz.
- Joumana Haddad

Traduzido para o inglês por Henry Matthews
Tradução livre para o português por Susana Duarte