" Leve é o Corpo que se solta, Livre é a Alma que se entrega ao Amor.... Segue O que se ergue no Horizonte!"

- Grande Mãe, recebida por Ísis de Sírius

24 março, 2012

Boudicca, a Rainha Vermelha



Com o tempo, os romanos ampliaram seu controle e alguns reis bretões não desejavam guerrear mais tempo com povos tão bem armados e disciplinados e preferiram começar a acreditar que era 

possível viver em paz com eles, como vizinhos em pé de igualdade. Um desses incansáveis otimistas foi Prasugatus, monarca dos fortes e ricos icenos. Para evitar que seus homens sofressem tantos maus-tratos, ele traiu a causa celta e aliou-se a Roma, por volta de 60 ou 61 d.C.

Roma não pagava traidores, como bem sabemos e, sem necessidade real de aliados na região, aproveitou a confiança de Prasugatus para, de surpresa, despojar os icenos de suas posses. Os legionários saquearam todo o reino, inclusive a casa do rei, espancaram sua mulher Boadicéia e estupraram suas filhas. Trata-se de uma grande afronta contra essa tribo, que quase coincide no tempo com a operação de ataque lançada pelas legiões contra a ilha de Mona - hoje conhecida como Anglessey -, onde aparentemente se encontrava um dos mais importantes centros druídicos e de culto da época.

Essa iniciativa é encerrada com a degolação em massa de diversos celtas - os druidas, cuja doutrina sempre foi incompreensível para o racionalismo romano, foram os primeiros a morrer -, depois a escravização dos demais e a aniquilação dos bosques sagrados.



Tudo isso vai além da simples humilhação militar. Para uma cultura que tem a religião em tão alta estima, aquilo supõe uma autêntica profanação, um golpe certeiro na coluna vertebral de sua organização social. Com relação aos druidas, negavam a eles outro papel que não o de simples chefes de rebeliões disfarçados de honráveis sacerdotes.

Acreditavam que, destruindo seu centro de reunião, seria mais fácil pacificar a ilha inteira. Os druidas eram os únicos homens preparados para ensinar, perpetuar e aplicar de forma adequada a sua religião, algo que dava sentido à existência do celta. Tentar extirpar o Druidismo de sua raiz era condenar todos eles a algo muito pior do que a morte.




Ao coincidirem ambas as notícias - a destruição de Mona e a traição aos icenos -, a reação dos bretões foi realmente selvagem. A grande rebelião organizada em seguida terminou em um autêntico derramamento de sangue nos territórios sob controle romano e, à frente da mesma, foi colocada Boadicéia ou Boudicca, a vitoriosa, seu verdadeiro nome em gaélico.

Os icenos lideraram o levante, já que, ao fim de tudo, continuavam sendo uma das tribos de maior peso na Bretanha e tinham sede de vingança. Frente à incapacidade demonstrada por seu marido, Boudicca reclamou e obteve seu direito de liderar o exército - algo impensável entre os romanos; o patriarcado machista do qual o elemento feminino ocidental suportou por tanto tempo se deve em termos à idéia greco-romana do mundo e ao pensamento semita a respeito.


Como ocorreu em outras ocasiões, a visão da enfurecida Boudicca guerreira é impressionante para amigos e inimigos. Ela é descrita como uma mulher alta, de compleição física forte, dotada de uma vasta cabeleira vermelha e capaz de mudar seu rosto com gestos e contorções típicos de qualquer guerreiro celta. A isso, somam-se seu poder para reunir um exército, sua audácia e sua decisão.

Todos os povos bretões levantaram-se em armas para segui-la. Os fatos mais destacáveis dessa reunião foram a destruição de Camulodunum, que havia sido reconvertida em cidade romana, e a fuga do promotor Decânio, obrigado a abandonar precipitadamente a ilha. Outras cidades como Verulamium (atual St. Albans) e Londinium (atual Londres) também caíram em suas mãos e nunca houve nenhum tipo de abrigo para os invasores.

Pode-se dizer que os bretões despacharam com gosto todos aqueles que caíram em suas mãos e também os que os ajudaram. Devolveram olho por olho cada ato de crueldade gratuita que sofreram, destruíram todos os fortes romanos que encontraram e festejaram sobre suas ruínas. Porém, como de costume, a rebelião terminou mal.

O chefe romano Suetônio Paulino conseguiu agrupar todos os que escaparam e com eles organizou um exército de aproximadamente 10.000 homens. Estrategista de carreira, Paulino escolheu a tática, o terreno e o momento no qual enfrentaria Boudicca. Quando seus contingentes entraram em choque, o profissionalismo militar venceu a batalha contra o coração e a vitória romana converteu-se em carnificina.

Boudicca envenenou-se antes de ser capturada. A morte da Rainha Vermelha não equivaleu à pacificação bretã. Digamos que seu sacrifício serviu apenas para estabilizar a situação. Os celtas compreenderam que seria quase impossível expulsar os romanos, mas estes também entenderam que seria mais impossível ainda, se impor como ocorreu em todo o continente.

Isso desembocou em uma frágil paz que nenhum dos dois grupos rompeu antes da coroação de Vespasiano como imperador em Roma. Mas ele só estenderia a colonização até a fronteira entre bretões e pictos. E seus herdeiros, Adriano e Antonino Pio, se virão obrigados a levantar altos muros de costa a costa para tentar conter as incursões de pictos e exilados bretões na Caledônia, antiga Escócia.

Como na Grande Muralha da China, as fortalezas não serviam para muita coisa além de demarcar território. Ao longo dos anos, a "pax romana" acabou sendo adotada mais por inércia do que por obrigação. No fim das contas, os romanos são mais organizados e a ordem gera certos graus de comodidade e falsa segurança, que não deixam de parecer apetecíveis a todos.

Isso permite a romanização dos nobres celtas, que adotam os hábitos dos invasores que vivem nos vilarejos, bem como o latim como língua para se destacar no meio. O povo continua falando seu idioma e praticando seus costumes. As cidades fundadas pelos romanos na ilha foram menos numerosas e importantes do que as estabelecidas no continente, tudo isso, graças à força guerreira de Boudicca - a Rainha Vermelha.

Rowena Arnehoy Seneween ®

Fonte bibliográfica:

Adaptação do texto original: Boudicca, a Vingadora
Os Mitos Celtas de Pedro Pablo G. May
Imagem de Luca Tarlazzi

22 março, 2012

Invocação à Deusa Tríplice





Em nome Daquela que existe nas ondas do mar,
Nas profundezas das grutas escondidas,
No farfalhar das verdes folhas,
E na ardente chama das paixões,
Eu te invoco, minha Senhora,
Para me proteger e guiar.
Tu que és Donzela,
Livre e virgem por não pertecencer a ninguém.
Tu que és Mãe,
Amada e procurada por todos.
Tu que és Anciã,
Que vais velar por todos nós.
Ártemis, Selene, Hécate,
Ana, Diana, Nana, Anahita, Inanna,
Astarte, Ísis, Chang-O, Brighid,
Deméter, Ix Chel, Freyja, Rhiannon, Arianrhod,
Yemanjá Odo Iyá.
Mãe Antiga, Deusa dos Mil Nomes,
Ilumina a nossa vida
Com cada raio de luar.
E com o longínquo brilho estelar,
Guia-nos com amor maternal
Nesta nova jornada
No desvendar dos teus Mistérios,
Oh, Grande Mãe.

(fonte: desconhecida)

03 março, 2012

Eu Sou...



Eu Sou a Espiral que deu a Origem ao Mundo.
Eu Sou a mão que lhe deu a forma,
Eu Sou a Fonte da Vida, o barro com que se criaram todas as coisas.
Eu Sou o Mar, sou os rios, sou os lagos, sou as águas profundas de onde brotam todas as Almas... e para onde retornam para se purificarem...
Eu Sou as raízes nodo
sas, de todas as árvores... sou a Sabedoria da Eternidade!
Eu Sou a Terra, sou a Floresta Virgem... sou a Selva transbordante de Vida... sou a areia do Deserto... onde a serpente se aquece e se refugia.

Eu Sou o Útero que acolhe todos os homens...
Sou o sangue que regenera a Humanidade.

Eu Sou o Impulso Transformador, aquela que te desperta...
Sou a onda de calor que nasce no ãmago de Ti mesma, que te esventra, que te avassala, que te preenche.
Sou a vertigem, que te desorienta para Te encontrares...
Eu Sou a Voz que te sibila ao ouvido... todos os segredos que Tu já esqueceste
Sou a Visão que não queres ver, sou a outra face de Ti mesma!
Olha-me de frente se tens coragem... sou a Naja da Tua Vontade!

(Fev, 2012)