Há Forças da Natureza, planetárias e gravitacionais, que permitem que certos véus se ergam por breves instantes. O suficiente para permitirem que, pessoas atentas consigam vislumbrar certas probabilidades reais de um "amanhã".
Neste momento, em que desci às profundezas da minha mente e me desliguei de todo o burburinho colectivo... tudo o que vislumbro é um amanhã incerto. Pois para onde quer que me vire, observo uma Humanidade a caminhar na direcção de um abismo, qual tabuleiro de xadrez, em que peões são sacrificados em prole de reis e rainhas desconhecidos e absortos da realidade planetária e da teia da vida que nos mantém unidos.
Esqueceram-se que os pés com que se erguem, caminham sobre um corpo vivo.
Esqueceram-se que o ar que respiram, é produzido pelas florestas e filtrado pelos oceanos.
Esqueceram-se que só estão vivos porque se alimentam de um organismo, cujos recursos não são ilimitados.
As marés de poder estão a mudar, marés de poder internas e externas. O planeta sacode-se, os astros perpetuam movimentos cíclicos que provocam tensão no corpo magnético da Terra. Tudo para nos fazerem acordar.... mas permanecemos adormecidos, no colectivo.
A poluição não deixa a nossa Mãe fortalecer-se e recuperar.
E enquanto a Humanidade permanece absorta desta realidade, enquanto alguns se entretêm com eclipses ou fases lunares, eu sou arrancada das minhas divagações, a minha alma catapulta-me de frente para o abismo do desconhecido, onde os desígnios do cosmos tomam forma, onde a dimensão do futuro que se aproxima ganha substância.
Eu escuto na Sombra, as vozes dos meus ancestrais que me sacodem da inércia mental, que me despertam da ilusão da ascensão pela qual todos ansiamos... mostrando-me uma terra banhada de conflito, ódio e sangue. Lutas pelo poder, pela supremacia de povos sobre povos....
Recolhida na Sombra, preparo-me como que para um combate, afiando as minhas armas e afinando a minha mente, conectando-me com a minha alma.
E olho para o céu na esperança que acima das nossas cabeças, a labuta diária dos nossos protectores nunca falhe. Que as bolas de fogo não caiam do céu... que nunca nos falte a água.
Na Sombra, recolhida do barulho do mundo, consigo vislumbrar mais longe.... e preparar-me para o amanhã próximo.
O jogo no tabuleiro está mais cerrado, reis e rainhas empurram peões, impiedosamente para a linha da frente...
Cabe-nos a nós a rebelia e o erguer das nossas armas.
Pois nós somos aqueles por quem esperávamos... nós somos os nossos heróis e salvadores.
Nós somos a nossa esperança.
Isis
Lua Escura, Agosto, 2017