" Leve é o Corpo que se solta, Livre é a Alma que se entrega ao Amor.... Segue O que se ergue no Horizonte!"

- Grande Mãe, recebida por Ísis de Sírius

06 julho, 2014

Anseias pela Totalidade da tua Alma?





Anseias pela Totalidade?
Pela integração do teu Eu, e ainda não desceste ao fundo do teu poço pessoal?
Desejas sentir-te completa, estruturada, integrada, enraizada com todas as tuas forças, unindo Cardíaco, Mente e Espírito, para transcenderes o véu da Ilusão e ainda não invocaste Lilith?

Apenas através d’Ela poderás ser guiada às profundezas do teu ser. 
À obscuridade da tua Alma. 
Ao início da tua Jornada na Terra, desde o Início dos Tempos.



A Transcendência não se faz apenas para Cima, nem a Sabedoria reside apenas na Luz, nem todos os Mensageiros Divinos ostentam asas.

Lilith mostrar-te-á o Caminho, pois é Ela a Deusa da Totalidade, da Vida e da Morte, da Decantação e do Renascimento, da Alquimia que une a Essência da Alma à Matéria.

Lilith rege as águas negras e profundas do Grande Útero da Humanidade, e é através d’Ela que todas as Almas chegam a este mundo.

Então se anseias pela totalidade, invoca a Deusa da Serpente Sagrada e prepara-te para a descida.
Neste momento não haverá forma de voltar atrás.

Lilith não recua, é Poder Absoluto em acção.
Prepara-te para seres confrontada com todas as tuas fraquezas.

 Lilith não se comiserará de ti, pois reconhece o teu poder e ajudar-te-á a moveres-te nas águas profundas e geladas da tua mente.
Prepara-te para enfrentares todos os teus medos.

Lilith não será branda, pois espera o teu despertar há muito, e sabe que chegou a hora do teu renascimento.
Prepara-te para decantar todos os teus bloqueios.

Lilith não será flexível contigo. O seu espelho negro mostrar-te-á a tua Outra Face.
Prepara-te para abraçares a tua Serpente, o teu Lado Sombra. 

Lilith não será condescendente com as tuas negações.
Prepara-te para aceitares que todas as mágoas que julgas ter recebido de outrem são exclusivamente tua culpa, por expectares demasiado dos outos.

E quando caíres de joelhos, sem forças.
Quando as tuas lágrimas embaciarem a tua visão, e o desespero toldar o teu discernimento.
Quando a angústia ocupar o teu coração.
Quando encarares a tua verdadeira essência nua e crua.
Quando estiveres no ponto de perder a Fé e desistires da tua Caminhada…

 Lilith deslizará sobre ti, na sua forma de Serpente Negra e tão Sagrada, e arrebatar-te-á o teu último folego contraditório. 

Lilith enlaçar-te-á no escuro da noite da tua Alma, e exigir-te-á uma réstia das tuas forças, para que abras os olhos e vejas a explosão de estrelas que originou a matéria com que foste feita.

E nesse momento verás e sentirás… e a tua Alma terá renascido.
Qual Fénix resgatada das cinzas e do negrume que te amortecia as asas.

Olharás para trás, para a Deusa Serpente e saberás que Ela sempre guardou o teu caminhar, e que nunca perdeu a Fé em Ti.

Sentirás todas as tuas células vibrarem com esse reconhecimento e a Luz irradiará como mil sóis em ti e finalmente serás Una.



- Conexão com a Deusa Lilith, por Isis de Sirius 
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04 julho, 2014

A DAMA PÉ DE CABRA


Uma das mais belas lendas que conheço, e da infelicidade de um homem, que pela religiosidade e falta de entendimento do Sagrado de Outros Mundos, perdeu o Amor de uma Fada.




Dama Pé-de-Cabra, quadro de cerâmica (1942)



D. Diogo Lopes, senhor de Biscaia, era infatigável. Não se importava com o calor, a neve, nem se era de dia ou de noite quando estava na caça. Um dia bem cedinho, esperava um porco montês que estava sendo emboscado numa caçada. Mas então, ao invés de ouvir o porco a aproximar-se ouviu um belo canto. Olhou adiante, para um penhasco, e viu sentada sobre ele uma formosa dama cantando. D. Diogo nem se lembra mais do porco e vai o mais rápido possível até o penhasco. Pergunta então à bela dama quem era, a que lhe responde ser tão nobre quanto ele. D. Diogo oferece seu coração à dama, assim como suas terras e vassalos. Ela pouco faz de suas terras e vassalos, dizendo que ele precisava mais de seus bens do que ela. D. Diogo então pergunta o que poderia oferecer-lhe para que fosse digno dela. É quando a bela dama lhe diz que a única coisa que precisava fazer para que ela fosse sua era esquecer-se do sinal da cruz. Caindo em tentação, D. Digo pesou prós e contras, e chegou à conclusão que se fizesse algumas boas ações em nome de Deus até valia a pena nunca mais se benzer, desde que ficasse com aquela bela senhora. Levou-a para seu castelo, mas à noite, quando pode vislumbrar a formosa dama mais atentamente é que notou que ela tinha os pés como os de uma cabra. Por anos, dama e cavaleiro viveram felizes, chegando a ter filhos, D. Iñigo Guerra e Dona Sol.


O Senhor de Biscaia, D. Diogo, tinha um cão da raça alano, tão destemido quanto o dono para as caçadas. Já a mulher de D. Diogo, tinha uma cadela podenga de pelo muito negro. Enquanto o alano estava prostrado sem querer saber de nada, a podenga não parava de pular. D. Diogo, tentando animar seu cão, deu-lhe um grande osso. Mas no final das contas a podenga tomou-lhe o osso e feriu gravemente o alano. D. Diogo assustado com o que fizera a cadela, começou a dizer que era coisa do diabo e fazia o sinal da cruz. Conforme se benzia, a mulher começou a gritar como se estivesse ardendo em uma fogueira, com os olhos brilhantes, o rosto enegrecido, a boca retorcida e os cabelos arrepiados! Ao mesmo tempo, começou a levitar, a subir, com a filha segura no braço esquerdo e de mão dada ao menino. D. Diogo entrou em pânico ao ver a cena, e quanto mais subia a mulher pelos ares, mais seu braço se estendia segurando o menino. D. Diogo agarrou o filho e segurou-o firmemente enquanto a mulher terminava sua subida e sumia com a menina. Assim como a mulher, sua cadela também sumiu sem deixar rastro.


D. Diogo profundamente triste, passou muito tempo sem saber o que fazer. Até que resolveu voltar a lutar contra os mouros. Nesta época, D. Iñigo já era um rapaz, D. Diogo deixou tudo nas mãos do filho e partiu, ficando muito tempo sem dar qualquer notícia de seu paradeiro. Era sua penitência por ter vivido tantos anos com aquela mulher pé de cabra. Mataria tantos mouros quanto os dias que vivera com ela, e lutaria por tantos anos quantos vivera com ela. Mas acabou por tornar-se prisioneiro em Toledo. Seus aliados de guerra faziam trocas de prisioneiros, mas nunca tiveram consigo um mouro de tão grande nobreza como D. Diogo, nunca conseguindo trocá-lo.

D. Iñigo vendo esta situação, resolveu procurar sua mãe. Muito se falava sobre ela, que havia se transformado em fada para uns e em alma penada para outros. D. Iñigo explicou à mãe o que se passara com seu pai, e a Dama de Pé de Cabra resolveu ajudar o filho a resgatar D. Diogo do cativeiro. Deu a seu filho um onagro para transportá-lo a Toledo. Chegando a Toledo, D. Iñigo conseguiu aproximar-se da cela onde estava seu pai. O Onagro deu um potente coice na porta da cela, destroçando-a. D. Diogo montou no onagro acompanhando o filho, e dali fugiram em disparada. Mas a viagem para casa não foi tranquila. Pelo caminho encontraram um Cruzeiro de pedra, e o onagro ao avistar o cruzeiro parou e não saía mais do lugar. A voz da Dama de Pé de Cabra foi ouvida. Ela instruiu o onagro a evitar a cruz. Ao ouvir da voz da mulher, D. Diogo arrepiou-se todo. Nada sabia ele da aliança entre a Dama e seu filho Iñigo. Acabou por benzer-se. O onagro na mesma hora derrubou os dois de sua cela, e junto a isto a terra tremeu, abrindo um enorme buraco. Por este buraco, D. Diogo e o filho viram apavorados o fogo do Inferno que engoliu o onagro quase que instantaneamente. Pai e filho de tão atordoados acabaram por desmaiar. Assim que se recompuseram-se seguiram uma viagem longa até as terras do Senhor de Biscaia.

Ao chegar em suas terras D. Diogo penalizou-se, indo todos os dias à missa e confessando-se toda semana. Mas não viveu mais muito tempo, se pela idade ou por sua consciência não se sabe, o certo é que passados apenas alguns poucos anos, D. Diogo faleceu, deixando o título de Senhor de Biscaia para seu filho Iñigo. Já D. Iñigo, depois do resgate do pai, nunca mais entrou em uma igreja. Ninguém sabe qual foi o acordo que fez com sua mãe para conseguir resgatar seu pai, mas entrar em igreja não entrou mais. Muito se disse sobre isto, inclusive que fizera um pacto com o Diabo. E para acrescentar esta desconfiança das pessoas, D. Iñigo, desde então, era imbatível, nunca perdendo uma batalha. 





Fonte: 
HERCULANO, Alexandre – Lendas e Narrativas – Imprensa Nacional/Viúva de Bertrand e Filhos, Lisboa, 1851.