" Leve é o Corpo que se solta, Livre é a Alma que se entrega ao Amor.... Segue O que se ergue no Horizonte!"

- Grande Mãe, recebida por Ísis de Sírius

22 dezembro, 2012

A Rainha Boudicca



"Boudicca era alta, terrível de olhar e abençoada com uma voz poderosa. Uma cascata de cabelos vermelhos alcançava seus joelhos; usava um colar dourado composto de ornamentos, uma veste multi-colorida e sobre esta um casaco grosso preso por um broche. Carregava uma lança comprida para assustar todos os que deitassem-lhe os olhos."...(Dião Cássio em "História Romana").

Boudicca era a rainha da tribo celta Iceni, que habitava a Grã-Bretanha por ocasião da conquista romana.

Entretanto, Prasutagus, seu marido, é quem conduzia o povo. Ele comprometeu sua posição política, quando realizou inúmeros acordos com os romanos, inclusive entregando parte de seus domínios, com a esperança de proteger seu título e sua família.

Mas, o rei Prasutagus, acabou sendo abatido pelo invasor e a rainha Boudicca, juntamente com suas filhas, foram estupradas e humilhadas pelos romanos. Os legionários saquearam todo o reino e realizaram uma operação de ataque contra a ilha de Mona, hoje conhecida como Anglessey, onde se encontrava um dos mais importantes centros de culto dedicado a Deusa Andraste. Essa iniciativa foi encerrada com a degola de diversos celtas, sendo que, os druidas, cuja a doutrina sempre foi incompreensível para o racionalismo latino, foram os primeiros a morrer, seguindo a escravização dos demais e a aniquilação dos bosques sagrados. Tudo isso, vai além da simples humilhação militar. Para uma cultura que tem a religião em tão alta estima, tais atos são autênticas profanações, um golpe certeiro na coluna vertebral de sua organização social. É possível que os generais romanos não se deram conta do que estava acontecendo, pois para eles, os deuses não passavam de um entretenimento pessoal, quase um luxo reservado aos acomodados patrícios de Roma ou para contentar escravos que não tinham mais consolo.

Com relação aos druidas, consideravam-nos chefes de rebeliões disfarçados de sacerdotes. Acreditavam que, destruindo seu centro de reunião, seria mais fácil pacificar a ilha inteira. Mas os druidas eram os únicos homens preparados para ensinar, perpetuar e aplicar de forma adequada a religião, algo que dava sentido a existência celta. Tentar extirpar o druidismo de sua raiz era condenar todos os celtas a algo pior do que a morte.

A notícia da destruição do centro do culto da Deusa Andraste associado ao ocorrido com a rainha Boudicca e suas filhas, resultou em uma reação bastante selvagem entre os bretões. Uma grande rebelião foi organizada e à frente da mesma foi colocada ao comando da rainha. As mulheres celtas, não eram somente semelhantes aos homens em estatura, mas equivalentes a eles, no que diz respeito à coragem, técnicas de guerra e o desejo de vingança.

Boudicca, então, com um exército de 100.000 homens impôs pesados revezes às legiões romanas. Colchester (Camulodunum), Londres (Londinium) e Verlamium, conheceram os efeitos da reputação guerreira da rainha e o tratamento que ela dava a seus inimigos. Suas ações bélicas foram consideradas como as mais sangrentas realizadas pelos celtas. Várias cidades romanas ficaram arrasadas e centenas de mulheres foram decapitadas em sacrifício à Deusa Andraste, a quem eram dedicadas todas as suas vitórias.

Os bretões devolveram "olho por olho" cada ato de crueldade que sofreram, destruíram todos os fortes romanos que encontravam pela frente e festejavam sobre as suas ruínas.

Contava-se que Boudicca libertava uma lebre como parte de um rito à Andraste, antes de iniciar uma batalha. Se os romanos matassem o animalzinho, despertariam a fúria da Deusa, que lutaria a seu lado, levando-a à derradeira vitória.

Entretanto, em uma última batalha, um exército romano chefiado por Suetônio Paulino,melhor equipado e organizado, acabou derrotando-a. A vitória romana converteu-se em carnificina.

Há informes contraditórios da morte de Boudicca. Há quem diga que ela morreu na batalha, mas muitas outros estudiosos afirmam que ela envenenou-se, evocando, em seu último suspiro, a Deusa Andraste, a "Invencível".

A morte da Rainha vermelha, entretanto, não pacificou os bretões, só serviu mesmo para estabilizar a situação. Os celtas compreenderam que seria quase impossível expulsar os romanos de seu território, mas esses também entenderam que seria totalmente impossível se impor aos celtas. Isso desembocou em uma frágil paz que nenhum dos dois grupos rompeu antes da coroação de Vespasiano como imperador de Roma.

Há um grande mistério em torno do nome de Boudicca, pois em galês ("budd" em galês), ele significa "A Vitória" e é bem provável que esta rainha ocupou uma posição dupla como líder tribal e como uma Druida. Esse nome, portanto, talvez seja um título religioso e não um nome pessoal, significando o ponto de vista de seus seguidores, que a personalizavam como uma Deusa.
Isso ajudaria explicar o fanatismo de uma variedade de tribos em seguir a liderança de uma mulher na batalha.

Boudicca era uma guerreira enfurecida, sendo descrita como uma mulher alta, de compleição física forte, dotada de uma vasta cabeleira vermelha e capaz de mudar seu rosto com gestos e contorções típicos de qualquer combatente celta. Todos os povos bretões levantaram suas armas para segui-la."

Texto de Rosane Volpatto

06 dezembro, 2012





O reflexo do Sol espelhado na água fresca da lagoa, suaviza e ilumina ainda mais o contorno dos seixos redondos e pretos no fundo, criando um padrão brilhante que interrompo com os pés.
A olhar para este padrão, a minha mente divaga... o único elo que me prende á realidade é o cansaço extremo de tanto correr, que me leva a mergulhar os pés na lagoa e me alivia a dor.
O peso da criança que carrego ás costas, embrulhada num pano, reconforta-me no meio da situação emergente em que me encontro.
A respiração ofegante e os soluços da rapariga mais nova ao meu lado, leva-me a olhá-la preocupada e alerta-me para o perigo que espreita por trás da vegetação cerrada da selva, em volta da lagoa.
Conheço uma mulher velha que me salvou na noite em que dei á Luz. Ela é a única que pode esconder a minha Irmã... mantê-la a salvo, nas Ilhas mais afastadas da nossa. Esta velha é a minha única esperança, para que a minha irmã não tenha o mesmo fim que as virgens do solísticio.
O único pagamento que me exigiu, foi a minha vida em troca... uma vida ao serviço da Mãe Terra. A velha não tem ninguém a quem deixar o seu legado e precisa de uma mulher jovem e forte a quem ensinar e passar o conhecimento. Quando eu nasci, ela já era velha... muito velha... e sempre me olhou, sempre me avaliou... sempre me sondou...

Os olhos grandes e amendoados da minha irmã, olhavam-me aterrorizados. Os caracóis escuros que lhe desciam em cascata pelas costas, cobrindo-a até á cintura, colavam-se á sua pele suada e dourada. A sua beleza desponta mais a minha dor e o medo de perdê-la desperta-me para a realidade.
Olho de novo para o fundo da lagoa... remexo os seixos com os pés. Levo as mãos em concha cheias de água fresca e lavo a cara e mato a sede.
A criança mexe-se nas minhas costas, inquietado solta uns arrulhos de sono e sossega novamente. É bom que não acorde agora. Já falta pouco...
Consigo ouvir ao longe, os ecos das palavras iradas trazidas pelo vento, dos homens que nos perseguem. O pãnico invade-me de novo. Levanto-me de um salto e puxo a minha irmã pela mão. Abandonamos a lagoa numa corrida desenfreada.
Eu sei que o pai do meu filho está com aqueles que nos perseguem. Tenho pena que ele não compreenda o motivo, o amor que sinto pela minha irmã, que me levou a enfrentar os Anciões, a desrespeitar e a renegar as tradições do meu povo e dos deuses... abandonando a aldeia antes que a afogassem com as outras virgens na fonte sagrada, num ritual escuro e antigo.
Mas eu não confio nos anciões... nem acredito nos nossos deuses que exigem sangue virgem a cada quatro anos...
Afasto as folhas gigantes  que me arranham a cara, os braços e as pernas na minha fuga desesperada. As minhas pernas dão-me sinais de que podem sucumbir a qualquer momento, as lágrimas correm enevoando a minha visão.
A minha irmã também chora exausta e com medo, chora alto e acorda o meu filho que agora berra com fome e com medo do nosso ritmo acelarado.
O pãnico invade-me e segundos depois a vegetação fica para trás, e sinto os meus pés pisarem a areia fria da praia. Está quase a anoitecer e temos que ser rápidas!
Ao fundo da praia, á beira mar... numa canoa minuscula a Anciã espera-nos com uma expressão de tranquilidade absoluta.
Descemos até ela aos tropeções. Não há tempo para cumprimentos nem saudações. Empurramos a canoa para o mar e saltamos para dentro dela. A velha e a minha irmã começam a remar, enquanto eu puxo o meu filho para a frente e o abraço contra o meu peito, acalmando-o.
Passamos a rebentação e sinto a canoa baloiçar violentamente sobre as ondas e ao longe vejo por fim os homens a chegarem á praia e a praguejarem na nossa direcção.
Chegaram tarde.
A Anciã ri alto, numa gargalhada... a minha irmã chora de alívio...  enquanto eu não tiro os olhos da praia, fitando os olhos de um rosto assombrado... do homem a quem roubei o filho, e que nunca mais verei nesta vida, ou em outra.

Mas não me arrependo de ter escolhido a Vida, em detrimento de uma tradição de morte.
Fecho os olhos, embriagada pelo baloiçar da canoa e rezo aos meus Pais, para no mundo onde estiverem, abençoarem e aprovarem o que fiz para salvar a minha Irmã.
Que os nossos antepassados nos protejam...

- Susana Duarte em Viagens da minha Alma

25 novembro, 2012

Rompendo o véu




Os Sacerdotes disseram-me que o meu sacrifício não era real, porque o tempo não existe.
Mas desde que cheguei a este Mundo, me sinto empurrada como um grão de areia pelo vento... numa grande ampulheta, num deserto imenso... onde ora sou sombra... ora sou luz.

Não sei até quando conseguirei manter a consciência de Quem Sou.
Desde que baixaram os Véus do Esquecimento , fala-se de que é uma questão
de tempo...
E embora o Tempo seja uma Ilusão, sinto a minha Alma desfragmentar-se... as ideias difusas, a mente dispersa.
Há momentos em que me perco nesta realidade, em que me esqueço porque estou aqui... outros momentos há, em que me lembro do meu Propósito.
E quando me perco completamente nestas divagações, uma coisa eu tenho a certeza, e que os Sacerdotes nunca me disseram... Que se eu seguir o meu coração nunca me perderei no Caminho para onde vou! E só seguindo o meu coração conseguirei romper o Véu do Esquecimento e recuperar a consciência de Quem Eu Sou!

OM Rá!

- Susana Duarte, em Viagens da minha Alma

Eu sou Mulher Serpente




Sou Filha do Sol e da Lua, Sou Mulher Serpente...

possuo o principio regenerador da Grande Mãe Cósmica.




Os meus pés estão enraízados

e o meu coração bate ao ritmo do cardíaco da Mãe Terra...

mas as minhas mãos tocam as Estrelas e a minha Alma funde-se com elas!


Eu sou Mulher Serpente... eu sou a Ponte entre o Céu e a Terra!

- Isis de Sirius

15 novembro, 2012

Canto a Lilith


Na ausência de Sol e Lua,
a luz esmorece...
como uma eterna noite fria e escura.
E neste crepúsculo
do âmago de mim mesma,
surges ímpia e resplandescente,
qual poder ígneo que se acende
queimando-me por dentro...
como uma chama ardente
que me remete ao silêncio...
e á tua presença.
E no teu olhar perscrutador
Vejo a minha imagem...
Outrora uma Sombra,
agora uma tocha flamejante.
Nem Sol, nem Lua...
pois esta Luz que me ilumina,
vem toda de Ti!



- canto a Lilith, por susana Duarte

03 novembro, 2012

A Descida de Ishtar ao Submundo (antigo texto Babilónico)




Para a Terra do Não Retorno, para o Reino de Ereshkigal,
Ishtar, a filha da Lua, decidiu ir.
Para a casa negra, a residência de Irkalla,
Para a casa onde quem entrou jamais voltou,
Para a via de onde não há saída,
Para a casa onde todos os que entram são privados de luz,
Onde o pó é a sua sujeição e o barro a sua comida,
Onde eles não vêem a luz, residindo na escuridão,
Onde eles estão vestidos como pássaros, com asas como vestuário,
E onde a porta e a fechadura estão repletas de pó.
Quando Ishtar alcançou o portal da Terra de Não Retorno,
Ela disse ao seu Guardião:

'Oh Guardião, abre o Portal,
Abre o Portal para que eu possa entrar!'




01 novembro, 2012

Convento de Tomar




Os meus pés pisavam a gravilha.
O silêncio preenchia o ambiente, apenas interrompido pelo canto dos pardais.
As sombras do Castelo bailavam á minha frente e as minhas pernas começaram a tremer e a tornarem-se muito pesadas.
Os pés arrastavam-se enquanto o meu coração começava a bater descompassadamente, ameaçando ssaltar para fora do meu peito.

Á minha frente surgiu um poço... tapado, frio. Institivamente os meus pés correram para ele e por trás de mim os cheiros intensificaram-se...cheiro da chuva e da terra molhada,  o trote dos cavalos a entrarem por trás de mim no grande pátio, soavam alto, os gritos roucos dos homens altos, vestidos de armadura de prata com a Cruz ao peito e o tilintar das suas armas de ferro. Desmontavam dos cavalos um a um e dirigiam-se sedentos ao poço, passando por mim e ignorando-me.
Fiquei tonta com a passagem do ar, aturdida com a rapidez com que passavam por mim e quase me tocavam, enquanto abriam caminho para o poço e faziam subir o balde para beberem sofregadamente entre gargalhadas.

Um Cavalo relinchou alto e fez-me saltar alerta, e acordei daquele momento, teletransportando-me para a realidade silenciosa, a verdadeira em que eu estava.
Era apenas um rouxinol cantando alegremente sobre o muro do pátio.

Virei as costas ao poço e abeirei-me da muralha do Castelo, admirando a paisagem do alto e qual não foi o meu espanto quando ouvi de novo um relinchar familiar, voltei-me e deparei-me com um lindo cavalo de olhos muito brilhantes que me reconheciam, tinha alguns arranhões por baixo dos olhos e estava cansado. Aproximou-se de mim e apoiou a sua cabeça em cima do meu ombro, como já não fazia há muito tempo...
Senti todo o seu peso, o seu calor e abracei-o feliz.

E por trás dele, um homem cansado, cujo sorriso franco me inundou de felicidade, os seus olhos negros em mim, expectantes...
O meu coração quase saltava do peito, levei as mãos ás saias para as limpar, para o abraçar finalmente.
Mas não tinha saias... silêncio profundo e ao erguer os olhos, nem cavaleiro de armadura reluzente, nem cavalo. Nem vida naquele pátio vazio...Nenhum som de qualquer espécie... só o compasso do meu coração.

Um vazio no meu olhar e no meu coração, enquanto o Sol brilhava majestoso e enchia tudo á minha volta de  diferentes tons de Azul.


Ísis de Sirius, em Viagens da minha Alma


01 outubro, 2012

Memórias II




A minha árvore diz-me que respire.

Fecho os olhos e respiro… 1, 2, 3, 4.

Respiro, e os fragmentos desenrolam-se à minha frente. Respiro e as minhas mãos tentam alcançar o coração da minha árvore.

Tantos fragmentos, que mal consigo seguir a ordem.

Tantas recordações! Tantas recordações que o meu espírito havia já esquecido. Recordações do quanto Eu amo esta terra. De como a defendi outrora, e tantas vezes, até á morte.

Vivi, amei, lutei e morri por ela.

O meu ser se fundiu há muito tempo com esta terra, e por ela vivo e respiro. Alimento-me dela!

Tantas saudades e tantas recordações em fracções de segundos.

Como anseio voltar a casa!

Às verdejantes planícies envoltas na Bruma. Ao abrigo da densa floresta, em que se me deitasse no chão, sentiria o pulsar da Terra, o bater do coração da Mãe, o Amor e o Colo da Deusa.

Como tudo mudou!

As lágrimas amargam.

Como pudemos esquecer, depois de tanto sacrifício, que muitos de nós fizemos para defender esta terra?

Como pudemos?

Respiro… Cada respiração custa!

Como pudemos acabar assim?

Como pudemos nós fazer justamente o contrário, do que nascemos para fazer?

Como pudemos nós, causar tanto dano a nós próprios?

Agora, resta muito pouco dos locais sagrados. O que era verde, tornou-se cinzento. Onde as nossas crianças corriam livremente entre os veados, temos agora estradas. Estradas, cimento até perder de vista.

Disseram-me para trabalhar a minha árvore… o meu carvalho, de pele grossa e cinzenta. As suas raízes são fundas, muito fundas. Percorrem e alcançam todas as direcções. E enquanto tento segui-las, as recordações são avassaladoras.

Respiro…

Ela disse-me para respirar.

Mas a cada golfada de ar, dói.

Dói tanto, que as lágrimas ficam presas na garganta.

Tantas, tantas recordações… do que éramos quando o nosso corpo era uno com o nosso espírito e vivia em sintonia com o espírito da Mãe Terra.

Sentíamos, respirávamos, vivíamos por Ela.

Honrávamo-la em cada gesto!

Nada tirávamos, sem a sua bênção.

Toda a forma de vida era preciosa. Cada insecto, cada flor, cada pedra tinha o seu lugar no mundo.

E agora tudo mudou.

O ventre da Terra… revolto! Destruído! Esventrado!

Todas as formas de vida, incluindo a nossa, morrem com a terra.

Como pudemos nós desrespeitar o nosso único equilíbrio?

Respiro… 1, 2, 3, 4. Como um Irmão me ensinou.

Mas dói!

Cada golfada de ar… uma recordação!

Recordações de existências, em que a minha vida e a minha morte faziam um verdadeiro sentido.

E agora? Para onde caminho?

Já não vejo a bruma, que envolvia outrora a minha floresta.

Já não vejo os círculos de pedra, sagrados, onde tantas vezes me deitava ao Sol… a cantar á minha Deusa.

Para onde foi tudo?

Para onde caminho agora?

Qual é o meu sentido aqui?

Quero voltar para casa! Anseio por correr na planície. 






Respiro… 1, 2, 3, 4… dói!

Dói tanto!

Abro os olhos.

Não vejo verde, não vejo árvores!

Só a cidade e os prédios altos que não me deixam ver o sol, enquanto as lágrimas me aquecem a cara.

Respiro… não consigo!

Já não há ar para respirar!




Ísis de Sirius, em "Viagens da minha Alma"
16h06m, 25/03/2010

25 setembro, 2012

Memórias...




Respiro… 1, 2, 3, 4.
Encho o peito de ar, retenho-o nos pulmões e aspiro. Fecho os olhos e respiro.
No meio do nada, vislumbro a minha árvore. A minha árvore é um carvalho de raízes muito fundas, e que alcançam todas as direcções. A sua casca cinza e nodosa encerra segredos. Cada ranhura, um desenho que se abre como uma flor, uma janela para o outro mundo. Um mundo dentro deste. Um mundo imenso que emerge da casca do meu carvalho.
Uma ranhura, uma janela, um presente que eu ouso espreitar e que foi destinado a mim.
Respiro… 1, 2, 3, 4.
A dor amenizou. Sinto as lágrimas contidas, e sinto o calor que a minha árvore emana para mim e que me regenera cada célula do meu corpo.
Espreito para o que fui, eu própria, outrora.
Num arrepio, sinto as minhas mãos dentro de água. Água que ferve, mas não queima. Calor do Amor em cada gesto de mão, que mexe dentro de um caldeirão. E a água em que mergulham é azul, como a cor do céu em noite de mistérios.
- Como consegues acertar sempre na cor? – Ouço a voz de uma criança, por trás de mim e viro-me na direcção de uma jovem rapariga de tez muito morena e cabelos negros e encaracolados. Soraia veio para aprender, de uma terra árida e muito distante.
Olho por trás dela, tantas cabeças… olhos curiosos e sorrisos envergonhados, com sede de conhecimento.
A Deusa fora generosa este ano. Em duas luas, voltámos a ter crianças que vieram para aprender, connosco, os mistérios.
Respiro… 1, 2, 3, 4.
De novo a emoção contida na garganta.



Não consigo falar. Enquanto isso, as minhas mãos entregam mais panos ao caldeirão. A cor agora, já bem definida, azul como o céu em noite de mistérios. Aligeiro o fogo, limpo as mãos a um pano e mergulho uma longa colher de madeira, com um cabo bem grosso para não se partir, com o peso dos panos molhados.
Elas acham que o que eu faço é magia, mas é apenas um truque e o amor com que manuseio as plantas e com que misturo os pigmentos.
1, 2, 3, 4… respiro.
Dava tudo para voltar atrás!
E eis que, a ranhura da minha árvore, volta a ser uma parte nodosa. A janela e o mundo que eu conheci com ela, desapareceu.
O meu carvalho permanece imóvel. Diz-me para respirar e eu respiro… 1, 2, 3, 4.
- Não precisas de esquecer o passado! O passado completa-te.
Respiro… a dor volta novamente. Sinto que, nunca conseguiria esquecer o meu passado. Só gostaria de poder retornar.
- Respira!
E eu respiro… 1, 2, 3, 4.
Não consigo, a dor voltou. A saudade…
Não consigo respirar, não consigo nem chorar!
Toco a minha árvore, que encerra tantos segredos do meu passado. Todo o meu corpo treme. Percorro com os dedos, ranhura a ranhura do seu tronco nodoso.
- Respira!
Mas eu não consigo! E ela recolhe-se ao meu toque, e a minha visão estreita enquanto ela desaparece lentamente, envolta em névoa.
As lágrimas embaciam os meus olhos, mas não correm. Eu compreendo o que ela quer.
Mas não consigo respirar neste momento.
Espero no silêncio.
Na Escuridão nada há.
E no silêncio, nada se ouve.
Então, corajosamente, tento mais uma vez e respiro… 1, 2, 3, 4.
E os pêlos do meu pescoço levantam-se no ar, sinto as narinas molhadas, o cheiro é imenso e intenso. A minha audição alcança o grasnar das garças e dos cisnes que habitam as margens do lago, daquela minha infância. E a vontade de correr para lá é tanta, que em meio da minha saudosa solidão, estico cada músculo do meu corpo e a cabeça atiro-a para trás, e da minha garganta, entre lágrimas e tristeza reprimidas, solta-se um rugido. Um rugido ensurdecedor.
Não sou capaz de parar.



Um rugido ensurdecedor, que se solta da minha garganta e ecoa no nada, entre silêncio e escuridão. E outro rugido, e depois outro… e outro. E, finalmente, as lágrimas contidas, caiem. Sinto o cheiro da terra molhada.
Abro os olhos na escuridão e sinto que o vazio é onde, realmente eu estou.
No Nada, no grande vazio da minha vida.
E agora, para onde vou?


Ísis  de Sírius
16h14m – 26/03/2010


09 julho, 2012

Mãe Nossa que estás no Céu e em toda a parte ...




Mãe Nossa que estás no Céu e em toda a parte ...
que ouves as nossas preces silenciosas,
Estreita-nos no teu abraço divino e regenera-nos o corpo e a alma,
Vem á Luz, para que todos Te vejam como eu vejo...
a Mãe Divina da Humanidade, a Mãe dos Céus e da Terra, de cujo útero nasceram todos os Homens... e todos os Anjos!

Ilumina a nossa fronte,
Enche-nos o coração com o teu Amor Divino e interminável
E dá-nos força a Nós Mulheres, para emergirmos ao mundo!
Sustenta as nossas preces, como sempre O fizeste ao longo dos milénios... dando-nos Esperança!
E protege-nos com o teu Manto Divino dos males do Mundo e da sua corrupção!

Que as Tuas mãos desçam sobre os nossos Filhos, protegendo-os...
E que a tua Luz, guie seus passos para uma nova Geração!

Mãe Nossa que estás no Céu e em toda a parte ... ouve a minha solitária Oração!

23 junho, 2012

ÍSIS






Ísis era uma deusa da mitologia egípcia. Foi a mulher de Osíris e era filha do deus da terra, Geb, e da deusa do céu, Nut. Era ainda mãe de Hórus e cunhada de Seth. Segundo a lenda, Ísis ajudou a procurar o corpo de Osíris, que tinha sido despedaçado por seu irmão, Seth. Ísis, a deusa do amor e da mágica, tornou-se a deusa-mãe do Egito.

Quando Osíris, seu irmão e marido, herdou o poder no Egito, ela trabalhou junto com ele para civilizar o o Vale do Nilo, ensinando a costurar e a curar os doentes e introduzindo o conceito do casamento. Ela conhecia uma felicidade perfeita e governava as duas terras, o Alto e o Baixo Egito, com sabedoria enquanto Osíris viajava pelo mundo difundindo a civilização.

Até que Seth, irmão de Osíris, o convidou para um banquete. Tratava-se uma cilada, pois Seth estava decidido a assassinar o rei para ocupar o seu lugar. Seth apresentou um caixão de proporções excepcionais, assegurando que recompensaria generosamente quem nele coubesse. Imprudente, Osíris aceitou o desafio, permitindo que Seth e os seus acólitos pregassem a tampa e o tornassem escravo da morte.

Cometido o crime, Seth, que cobiçava ocupar o trono de seu irmão, lança a urna ao Nilo (há também uma versão que diz que Ísis ao saber o que havia ocorrido chorou profundamente e de suas lágrimas surgiu o rio Nilo), para que o rio a conduzisse até ao mar, onde se perderia. Este incidente aconteceu no décimo sétimo dia do mês Athyr, quando o Sol se encontra sob o signo de Escorpião.







Quando Ísis descobriu o ocorrido, afastou todo o desespero que a assombrava e resolveu procurar o seu marido, a fim de lhe restituir o sopro da vida. Assim, cortou uma madeixa do seu cabelo, estigma da sua desolação, e o escondeu sob as roupas peregrinando por todo o Egito, na busca do seu amado.

Por sua vez, e após a urna atingir finalmente uma praia, perto da Babilônia, na costa do Líbano, enlaçando-se nas raízes de um jovem pé de tamarindo, e com o seu crescimento, a urna ascendeu pelo mesmo se prendendo no interior do seu tronco, fazendo a árvore alcançar o clímax da sua beleza, que atraiu a atenção do rei desse país, que ordenou ao seu séquito que o tamarindo fosse derrubado, com o propósito de ser utilizado como pilar na sua casa.

Enquanto isso, Ísis prosseguia na sua busca pelo cadáver de seu marido, e ao escutar as histórias sobre esta árvore, tomou de imediato a resolução de ir à Babilônia, na esperança de ultimar enfim e com sucesso a sua odisséia. Ao chegar ao seu destino, Ísis sentou-se perto de um poço, ostentando um disfarce humilde e brindou os transeuntes que por ela passavam com um rosto lindo e cheio de lágrimas.

Tal era a sua beleza e sua triste condição que logo se espalharam boatos que chegaram ao rei da Babilônia, que, intrigado, a chamou para conhecer o motivo de seu desespero. Quando Ísis estava diante do monarca solicitou que permitisse que ela entrelaçasse os seus cabelos. Uma vez que o regente, ficou perplexo pela sua beleza, não se importou com isso, assim Ísis incensou as tranças que espalharam o perfume exalado por seu corpo, fazendo a rainha da Babilônia ficar enfeitiçada pelo irresistível aroma que seus cabelos emanavam. Literalmente inebriada por tão doce perfume dos céus, a rainha ordenou então a Ísis que a acompanhasse.

Assim, a deusa conseguiu entrar na parte íntima do palácio do rei da Babilônia, e conquistou o privilégio de tornar-se a ama do filho recém-nascido do casal régio, a quem amamentava com seu dedo, pois era proibido a Isis ceder um dos seios, o leite de Ísis prejudicaria a criança.

Se apegando à criança, Ísis desejou conceder-lhe a imortalidade, para isso, todas as noites, a queimou, no fogo divino para que as suas partes mortais ardessem no esquecimento. Certa noite, durante o ritual, ela tomou a forma de uma andorinha, a fim de cantar as suas lamentações.






Maravilhada, a rainha seguiu a melopéia que escutava, entrando no quarto do filho, onde se deparou com um ritual aparentemente hediondo. De forma a tranqüilizá-la, Ísis revelou-lhe a sua verdadeira identidade, e terminou o ritual, mesmo sabendo que dessa forma estaria a privar o pequeno príncipe da imortalidade que tanto desejava oferecer-lhe.

Observando que a rainha a contemplava, Ísis aventurou-se a confidenciar-lhe o incidente que a fez visitar a Babilônia, conquistando assim a confiança e benevolência da rainha, que prontamente lhe cedeu a urna que continha os restos mortais de seu marido. Dominada por uma imensa felicidade, Ísis apressou-se a retirá-la do interior do pilar.

Porém, o fez de forma tão brusca, que os escombros atingiram, mortalmente, o pequeno príncipe. Outras versões desta lenda, afirma que a rainha expulsou Ísis, ao ver o ritual, no qual ela retirou a urna do pilar, sem o consentimento dos seus donos.

Com a urna, Ísis regressou ao Egito, onde a abriu, ocultando-a, nas margens do Delta. Numa noite, quando Ísis a deixou sem vigilância, Seth descobriu-a e apoderou-se, uma vez mais dela, com o intento de retirar do seu interior o corpo do irmão e cortá-lo em 14 pedaços e os arremessando ao Nilo.

Ao tomar conhecimento do ocorrido, Ísis reuniu-se com a sua irmã Néftis, que também não tolerava a conduta de Seth, embora este fosse seu marido, e, juntas, recuperaram todos os fragmentos do cadáver de Osíris, à exceção, segundo Plutarco, escritor grego, do seu sexo, que fora comido por um peixe.

Novamente existe uma controvérsia, uma vez que outras fontes egípcias afirmam que todo o corpo foi recuperado. Em seguida, Ísis organizou uma vigília fúnebre, na qual suspirou ao cadáver reconstituído do marido: “Eu sou a tua irmã bem amada.

Não te afastes de mim, clamo por ti! Não ouves a minha voz? Venho ao teu encontro e, de ti, nada me separará!” Durante horas, Ísis e Néftis, com o corpo purificado, inteiramente depiladas, com perucas perfumadas e boca purificada por natrão (carbonato de soda), pronunciaram encantamentos numa câmara funerária, impregnada por incenso.

A deusa invocou então todos os templos e todas as cidades do país, para que estes se juntassem à sua dor e fizessem a alma de Osíris retornar do Além. Uma vez que todos os seus esforços revelavam-se vãos, Ísis assumiu então a forma de um falcão, cujo esvoaçar restituiu o sopro de vida ao defunto, oferecendo-lhe o apanágio da ressurreição.

Ísis em seguida amou Osíris, mantendo o vivo por magia, tempo suficiente para que este a engravidasse. Outras fontes garantem que Osíris e a sua esposa conceberam o seu filho, antes do deus ser assassinado. Após isso ela ajudou a embalsamá-lo, preparando Osíris para a viagem até seu novo reino na terra dos mortos, tendo assim ajudado a criar os rituais egípcios de enterro.


Ao retornar à terra, Ísis encontrava-se agora grávida do filho, concebendo assim Hórus, filho da vida e da morte. a quem protegeria até que este achasse-se capaz de enfrentar o seu tio, apoderando-se (como legítimo herdeiro) do trono que Seth havia usurpado.

Alguns contos declaram que Ísis, algum tempo antes do parto, Seth à aprisionara, mas que Toth, vizir de Osíris, a auxiliara a libertar-se. Porém, muitos concordam que ela ocultou-se, secretamente, no Delta, onde se preparou para o nascimento do filho, o deus-falcão Hórus. Quando este nasceu, Ísis tomou a decisão de dedicar-se inteiramente à árdua incumbência de velar por ele. Todavia, a necessidade de ir procurar alimentos, acabou deixando o pequeno deus sem qualquer proteção. Numa dessas ocasiões, Seth transformou-se numa serpente, visando espalhar o seu veneno pelo corpo de Hórus, quando Ísis regressou encontrou o seu filho já próximo da morte.

Entretanto, a sua vida não foi ceifada, devido a um poderoso feitiço executado pelo deus-sol, Ra.

Ela manteve Hórus em segredo até que ele pudesse buscar vingança em uma longa batalha que significou o fim de Seth. A mágica de Ísis foi fundamental para ajudar a conseguir um julgamento favorável para Osíris. Suas habilidades mágicas melhoraram muito quando ela tirou proveito da velhice de Rá para enganá-lo, fazendo-o revelar seu nome e, assim, dando a ela acesso a um pouco de seu poder. Com freqüência, ela é retratada amamentando o filho Hórus.

Ísis sob a forma de serpente se ergue na fronte do rei para destruir os inimigos da Luz, e sob a forma da estrela Sótis anuncia e desencadeia as cheias do Nilo.

10 junho, 2012

XVII.- DESCIDA (O Retorno de Inanna)









Fui ver meus amigos Matali e Tara e pedi que desejava voltar a ver a Velha Mulher Serpente.
Tara  guiou-me pelas suas cavernas e ela não pareceu surpresa. Embora não pronunciasse palavras, eu compreendi que devia empreender uma viagem sozinha.

A sábia dama conduziu- me a um túnel escuro. No extremo do túnel vi um ovalóide transparente, como uma matriz rodeada de uma auréola translúcida de luz suave incessante. Entrei e sentei- me durante algum tempo, que me pareceu uma eternidade. Não aconteceu nada. Comecei um programa de austeridades, disciplina para elevar as minhas freqüências por meio da concentração. Respirei, senti o calor divino, jejuei. Parei estática sobre um dedo do pé durante dois mil anos; prostrei-me, chorei. 

A minha alma  derramou-se para esse ovalóide à medida que o silêncio me afligia.
Não obstante, nada acontecia. 

Repassei minha vida como Inanna. Tudo o que tinha sido ou feito passava através do
olho da minha mente. O desejo veemente de verdade e conhecimento afligiu todo o meu ser e o meu corpo formoso se levantou e se sacudiu entre soluços e desespero.

Finalmente, esqueci o desespero e me perdi num calor de fogo, enquanto sacrificava o meu orgulho e já não sabia quem era. O ego da Inanna se desvaneceu.

À medida que toda identidade caía de meu ser como as lágrimas de meus olhos, começou a formar-se uma luz à minha frente. Lentamente, esta luz assumiu a forma do ser mais esquisitamente belo que eu tenha visto. Não era nem homem nem mulher, mas sua forma era humana.
Estava composta de milhares de luzinhas que disparavame se moviam constantemente em cores diferentes. O rosto era o rosto de mil seres e irradiava tudo o que eu esperava poder ser; graça, sabedoria e qualidades para as quais não tenho palavras.

"Qual é teu nome?"- perguntei.

O Ser respondeu desta maneira:

"Tenho muitos nomes de uma multidão de experiências e estados de ser, mas o meu verdadeiro espírito, onde reside a minha alma não é mais que uma freqüência de luz, não é um nome. Eu sou o que não pode ser renomeado. Se buscas dar-me um nome, sou Altair do Alción, Estrela de Estrela. Eu sou aquilo que Tu sempre foste.

O Teu desejo veemente da verdade trouxe- me cá. Estes são os momentos do Teu Despertar; corta-os. A
revelação está-se a dar agora nesta fuga do tempo. Tu és um sistema de reacção. Eu conecto-me contigo. Estive alinhando os teus circuitos para que haja uma melhor recepção. Harmoniza-Te Comigo.

Recorda, Amada. Recorda o Teu verdadeiro Lar. Quando o tempo começou para ti, foi uma luz branca pura. Agora tens muitas cores, muitas matizes, muitas experiências. Flutua através do infinito, pulsando beleza. Amo-te imensamente."



Senti que uma brisa suave acariciava o meu corpo. O imenso amor deste ser rodeou-me, curando e secando as minhas lágrimas. Senti-me mais ligeira e pelo meu corpo correram ondas de suprema alegria.


O ser falou de novo:

"Amo-te, Inanna.
NUNCA te julguei.
Regozijei-me com os teus feitos, com a tua coragem.
Chorei quando choraste.
Procurei sabedoria na tua beleza.
Apoiei-te nas tuas horas mais difíceis. Nunca estive separado de ti. 
Permiti-te ir pelos caminhos que escolheste para que me trouxesse experiências.
Faria qualquer Ser menos por um Filho, Sua Criação?

Na tranquilidade do nosso encontro, abro a ti... Apresso a ti para me encher dentro de ti e de ti.
Tu és minha criação e com ansiedade esperei oTeu Retorno.
Sem exigires, voltaste para mim, brandamente como as flores seguem o sol.

Oh minha Amada, unidos estamos! Desde todos os atalhos e caminhos, Através dos compridos e solitários corredores do tempo, Como as correntes da Terra, Como o sangue que flui nas suas veias...
Encontramo-nos no coração. Para nos queimarmos nos fogos da Nossa Realização."


Assim era! Eu estava acesa, todo meu ser ardia em amore experimentei um êxtase que nunca antes me tinha
imaginado. Em silêncio, o Ser transmitiu um entendimento à minha mente. O amor esvaziou-se dentro de mim com uma força de paixão indescritível. Dentro do meu coração, sabia o que faria. O calor do fogo me mudou para sempre.

Vi meu futuro. 

Descenderia para a forma humana, converter-me-ia num humano e tentaria activar o genoma divino nas minhas Projeções, os seres humanos que eu tinha criado. 

Separar-me-ia,  em porções variáveis e assumiria muitas encarnações. 
Atrever-me-ia a ser vulnerável e a nascer na carne humana. 

Escolhi uma gama de experiências através de castas particulares.

Embora fosse descer ao tempo da Terra, eu sabia que este Ser de Luz estaria comigo sempre e que nunca mais estaria sozinha.

Tenho que admitir que no princípio estava um pouco relutante a encarnar na forma humana. Eu sabia exatamente o que tinha sido feito ao ADN humano e quão difícil seria recordar quem era, uma vez estivesse
encarnada. Mas eu estava decidida.

Decidi começar lentamente. 

Nas montanhas dos Himalaias, viviam um grupo de humanos que se reuniram em busca da sabedoria. Com a oração e a meditação eles esperavam que lhes chegasse uma visão que lhes mostrasse a
verdade. Exprimentei produzir uma imagem holográfica de mim mesma, um pouco modificada e apareci. Estava vestida numa túnica branca e  rodeei-me de uma modesta quantidade de luz. 

Foquei-me no pensamento de Amor que o Grande Ser no ovalóide, me mostrou. 
Concebi uma coluna de luz que saía do ovalóide, passava através de mim para as montanhas, até aos corações e mentes destes buscadores. A sua inocência e gratidão me impulsionaram a amá-los, e quanto mais os amava, mais sólida me voltava. 

Tinha um pouco de medo, mas não podia evitar amá-los. A sua devoçãoera uma tranquilidade que nunca tinha conhecido. À medida que a minha densidade física aumentava, eu sabia que rapidamente esqueceria e não recordaria quem era nem o que tinha vindo fazer aqui. 

Pensei em todos os outros, em que me converteria. A força do meu amor e compaixão pôs em movimento cem vistas, enquanto eu, Inanna, disfarçada de Lulu, descendia à Terra para experimentar todas as limitações da carne e do sangue.

Eu esperava que minha tarefa fosse fácil, uma outra aventura. Afinal, eu como Inanna era de uma freqüência de tempo diferente e estava acostumada a viajar no tempo. Quão difícil poderia ser? Não obstante, fui muito optimista. 

Mas a densidade das frequências da Terra, unida a um corpo cujo ADN desactivado somente permitia um décimo da sua função cerebral, deixaram-me afligida pelos cinco sentidos. A confusão e o medo invadiram-me... 

Vida após Vida... as técnicas de lavagem cerebral de Marduk, a propaganda e o controle por meio das frequências foram demasiado para mim. 

O sistema religioso da época esmagar-me-ia simplesmente... e eu me perderia.

Como homem, escolhi a vida de um sacerdote na Atlantida. Eu era o guardião dos cristais sagrados. Apaixonei-me por uma virgem Santa, violei-a e os meus companheiros executaram-me . 

Na antiga Irlanda converti-me num grande guerreiro. E pelaforça daminha espada, decapitei a milhares de homens e amontoei as suas cabeças à frente de meu castelo como ostentação da minha riqueza. Comecei a beber em excesso e agredia a minha esposa. Um dia enquanto dormia, a minha esposa e o meu irmão,  persuadiram o meu filho a cortar-me o pescoço, roubando desta forma a minha vida e a minha riqueza. 

No Egito converti-me no bibliotecário da grande loja dos papiros e as tabuletas de argila de Alexandria. Como temia todas as emoções, vivia sozinho no meio da escrita. Morri como um homem rígido e solitário
quando os soldados romanos colocaram fogo à biblioteca.

Como mulher, fui uma bailarina em Cachemira. Isto o fiz , em honra da minha amiga Tara. 
Era uma órfã que chegou ao palácio graças à dança e decidiu educar-se, aprendendo línguas e arquitetura. Era muito admirada pelos homens, mas as mulheres do harém desprezavam- me e envenenaram- me. 

No ocidente da América, fui uma menina, a índia que montava um pônei e caçava nas pradarias. O meu nome era Donzela do Céu e, comunicando com as estrelas, benzi a Terra com a energia dos céus. Apaixonada por um índio valente e bom, Pluma de Fogo, morri ao dar a luz quando um curandeiro supersticioso me amarrou no piso do meu tipi.

Na Espanha converti-me numa formosa mulher judia. Durante a Inquisição fui encarcerada, torturada e
queimada viva. Antes de morrer, baixaram anjos para me liberar do meu corpo e da minha dor.

Converti-me em muitos seres. Experimentei a vida como homem e como mulher. Percorri os mesmos caminhos que os humanos percorreram. Senti o que eles têm sentido, a mesma esperança e o mesmo desespero. 

Tive um menino nos meus braços; fui uma menina órfã. Degolei  muitos homens e amei muitos outros. Perguntei-me amargamente, o que importava?

Suplicando ajuda, sentei-me sobre o piso frio e olhei firme e veementemente às estrelas.

Tratei de recordar. (...)


em, O Retorno de Inanna de V-S-Ferguson

13 maio, 2012

Oração à Grande Mãe







Mãe Nossa, que estais no céu, na terra e em toda a parte,
Bendita seja a Tua beleza e a Tua abundância,
Traz aos nossos corações a chave que abre o portal do amor,
Que cada um de nós possa respeitar os caminhos de todos os seres
E o exercício do perdão faça parte de nossa existência
Que possamos acolher em nossa mesa aqueles que querem partilhar conosco
O alimento sagrado.

Mãe Nossa, que estais no céu, na terra e em toda a parte,
Que o Propósito maior guie os nossos passos,
E que a batida dos nossos corações possa se unir ao toque do coração da terra
E assim possamos pulsar em um só ritmo.
Que as estrelas nos guiem nas noites escuras
E que o sol brilhe intensamente em nossos corpos,

Hey Grande Espírito,
Hey Grande Mãe,
Hey Xamã.



Fonte:
Inspirado por Alba Maria, Terra Mirim

(Esta oração acompanha Alba Maria em todos seus momentos.
Há muitos anos, em um traço do tempo, tarde chuvosa e silêncio profundo surgiu a inspiração, palavra a palavra. Com a inspiração veio a responsabilidade de transmiti-la em todos os contextos onde houvesse espaço para tal. E assim foi feito.

Atualmente traduzida em oito idiomas, esta oração transformou-se em dança e juntamente com outras preces do mundo, fez parte de uma grande corrente de oração pela Paz na Alemanha e na Índia.)

ORAÇÃO DE FORÇA E MAGIA PARA A GRANDE MÃE


(para ser pronunciada ao dormir e ao acordar)



Que eu tenha hoje e a cada dia,
a força dos Céus,
a luz do Sol
resplendor do Fogo,
brilho da Lua,
presteza do Vento,
profundidade do Mar,
estabilidade da Terra,
firmeza da Rocha.

Que assim seja!
E assim se faça!

10 maio, 2012

Sonhos...





Vens das Profundezas...
Lentamente.
A tua pele nua e escura brilha
Sob a Luz ténue das velas.


Os teus olhos são como faróis
Duas fontes de Luz dourada e intensa
Que aprisionam o meu olhar.


Deslizas pela laje fria,
E sibilas na minha direcção.
Permaneço extática... extasiada
Prendo a respiração,
Não ouso suspirar...
Para não quebrar o encantamento.


O Ar abafado
Faz-me suar.
Mas não me movo
Nem quando me tocas,
quando deslizas sobre a minha pele.


Os anéis do teu corpo
enrolados no meu ventre,
Não aprisionam... aconchegam.
A tua energia fria e escura,
não amedronta... reconforta.


Enquanto te moves sobre mim,
os teus olhos avaliadores e sábios,
prescrutam os meus!


A tua Força que me exaure por dentro,
e que me faz vacilar... que me entorpece as pernas...
Fortalece o meu Coração,
e dá ritmo à minha respiração!


E a tua língua sussurra-me ao ouvido
Palavras Antigas de Poder...
Fecho os olhos delirantes,
para não me perder nesse momento...
Enquanto Te escuto extasiada.


E depois, tal como me arrebataste...
os teus anéis desenlaçam-se cuidadosamente,
E abandonas-me nua, na laje fria.
Na Noite Escura, sob o feitiço da Lua.


E quando acordo, o dessassossego recomeça...
E o desejo de não acordar, toma conta de mim.









01 maio, 2012

Oh Grande Mãe!




Sinto o Teu calor latente na planta dos meus pés... enquanto piso a terra húmida.
Sinto o entorpecimento nas minhas pernas... enquanto a Tua serpente desliza por mim.
Sinto a Tua essência... ardendo-me no peito, a Tua Força sustentando o meu Ser...
Na minha fronte ... sinto o Teu beijo ardente e Divino;
E nas minhas mãos erguidas para o céu, sinto o Éter... a Magia que me impulsiona para Ti.

Doce é o Teu regaço, salgadas as tuas lágrimas, quente o teu ventre... a tua Concha é o Berço da Vida e o Sepulcro para onde Tudo retorna!

Oh Grande Mãe... a cada dia que mergulho mais em mim, encontro-me dentro de Ti! ♥

- Isis de Sirius

28 abril, 2012

Eva e Lilith: A Primeira Mulher




*Por Ester Zuzo de Jesus
Destacam-se as características de Eva e de Lilith, a fim de aproximá-las como mito da primeira mulher. Eva, do hebraico, “vivente” ou “a que dá vida”, é a primeira mulher, esposa de Adão e mãe dos viventes. Eva “foi feita (literalmente formada) por Deus a partir de uma das costelas de Adão” (PFEIFFER et alii, 2007, p. 711).
Sua criação está ligada à criação do homem. No texto bíblico hebraico-cristão, está descrita a criação do homem e da mulher à imagem e à semelhança de Deus, após a criação da terra, plantas e animais, no capítulo primeiro. Essa é considerada a verdadeira criação, ex nihilo, do nada, por meio da fala. Assim, “… Deus disse: ‘Façamos o homem à nossa imagem e semelhança.’ [...] E Deus criou o homem à sua imagem; à imagem de Deus ele o criou; e os criou homem e mulher.” (Gen 1:26-27). Interessante é constatar, pelo trecho bíblico, que antes de haver um relato pormenorizado sobre a formação do homem Adão e a da mulher Eva, já existe uma referência sobre a criação divina da humanidade: criou-os, o ser homem e o ser mulher. Depois, entregou toda sua criação aos dois, para que a dominassem, dela se alimentassem e povoassem a terra com seus descendentes.
No segundo capítulo, Deus plantou um jardim em Éden no Oriente, onde colocou o homem, impondo-lhe a condição única para sua existência: não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Deste modo, para que o homem vivesse em harmonia e em paz, deveria se subordinar a Deus e obedecer a esta condição. Em seguida, Deus disse: “Não é bom que o homem esteja sozinho. Vou fazer para ele uma auxiliar que lhe seja semelhante.” (Gen 2:18).
“Então Javé Deus fez cair um torpor sobre o homem, e ele dormiu. Tomou então uma costela do homem e no lugar fez crescer carne. Depois, da costela que tinha tirado do homem, modelou uma mulher e mostrou-a para o homem.” (Gen 2:21-22). Deus cria a mulher a partir da costela, criada do lado, para ser sua companheira. Quando o homem a viu, exclamou: “Essa sim é osso dos meus ossos e carne da minha carne! Ela será chamada mulher, porque foi tirada do homem!” (Gen 2:23).
No terceiro capítulo de Gênesis, está descrita a origem do mal. Eva não poderia comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois poderia morrer. Entretanto, a serpente lhe diz que eles não morreriam por isso, “Mas Deus sabe que, no dia em que vocês comerem o fruto, os olhos de vocês vão se abrir, e vocês se tornarão como deuses, conhecedores do bem e do mal.” (Gen 3:5). Comer daquele fruto era ter a pretensão de ser Deus, autossuficiente. “Quando o homem se torna auto-suficiente, se rebela contra o projeto de Deus e faz o seu próprio projeto: liberdade e vida só para si mesmo.” (BALANCIN; STORNIOLO, 1997, p. 16), isto é, ter conhecimento do bem e do mal pode gerar a degradação do homem, como se verifica nos trechos seguintes.
A mulher, então, pecou e depois deu o fruto ao marido. A tentação da serpente se configura no pecado cometido pela mulher e, em seguida, pelo homem, guiado pela mulher. A primeira consequência desse ato foi homem e mulher perceberem que estavam nus e se esconderam de Deus, porque tiveram medo. Quando Deus os encontra, o homem diz ter recebido o fruto da mulher, e esta dissera tê-lo recebido da serpente. (Gen 3:11-13). Pelo pecado cometido, todos foram punidos.
Primeiramente, Deus pune a serpente, dizendo: “Por ter feito isso, você é maldita entre todos os animais domésticos e entre todas as feras. Você se arrastará sobre o ventre e comerá pó todos os dias de sua vida.”. Ela seria, também, inimiga da mulher e de seus filhos, ferindo-lhes o calcanhar. (Gen 3:14-15). A mulher, por sua vez, recebeu seu castigo também conforme as palavras de Deus: “Vou fazê-la sofrer muito em sua gravidez: entre dores, você dará à luz seus filhos; a paixão vai arrastar você para o marido, e ele a dominará”. (Gen 3:16). O ato de comer o fruto, a vontade de adquirir conhecimento do bem e do mal, explica como a dor do parto e a submissão feminina ao homem passaram a existir.
Então, o homem é punido por dar ouvidos à mulher e Deus disse: “maldita seja a terra por sua causa. Enquanto você viver, você dela se alimentará com fadiga. A terra produzirá para você espinhos e ervas daninhas, e você comerá a erva dos campos.”. O homem passa a ter de plantar o que come, por isso, terá de comer com o suor do rosto. (Gen 3: 17-19). O homem gerou a necessidade do trabalho, lavrando a terra para a qual retornará, voltando para a natureza da qual fora criado.
Simbolicamente, Eva representa, antes do pecado e junto com Adão, a incorruptibilidade; após o pecado, ela é a tentação dele. A serpente distingue-se de todos os animais terrestres, é uma criatura fria, sem patas, sem pelos, sem plumas, brinca com os sexos; é fêmea e macho, possui arquétipos ligados à noite fria e à sombra. Representa também a fecundidade, mestre das mulheres e é condenada pela cristandade. Analogamente, há dualidade em seus aspectos, pois seu veneno tanto mata quanto cura, quando nas doses certas; resume regeneração, imortalidade e é símbolo da medicina; representa a sabedoria na mitologia grega, sempre ao lado de Atena, deusa da sabedoria.
A serpente é guardiã do conhecimento do bem e do mal. Assim, “os mitos da busca da imortalidade ou da juventude ostentam uma árvore de frutos de ouro ou de folhagem miraculosa, que se encontra ‘num país longínquo’ (na realidade, no outro mundo) e que é guardada por monstros (grifos, dragões, serpentes)” (ELIADE, 2001, pp. 124-25). Deve-se lutar contra os monstros, submeter-se a uma prova iniciática para obter a condição divina, invencibilidade. Eva passa por essa prova, desobedecendo a Deus, para possuir o conhecimento. A serpente é considerada a manifestação do demônio que tenta Eva a cometer o pecado e, portanto, uma afronta a Deus.
O demônio feminino, geralmente, é manifestado por meio do espírito de Lilith de acordo com algumas culturas, como a suméria, árabe e outras. Conforme a tradição judaica, Lilith não se entendia com Adão, sobretudo porque não queria estar por baixo dele durante o enlace conjugal. Ela estava insatisfeita, desejava liberdade, mudança e fuga, pois foge para o Mar Vermelho. Nas mitologias a seu respeito, ela é repleta de imagens de desolação, diminuição, vingança e raiva.
Lilith é conhecida como um demônio noturno de cabelos longos, uma força, um poder, uma renegada e um espírito. Tem aspecto humano, mas possui asas e “sobrevoa as mitologias suméria, babilônia, assíria, canoneia (ou cananeia ), persa, hebraica, árabe e teutônica” (KOLTUV, 1997, pp. 9-13). É também popular por agarrar os homens e mulheres que dormem sozinhos e provocar-lhes orgasmos noturnos e sonhos eróticos.
Na tradição histórico-religiosa, seu aspecto era de terrível deusa-mãe. Além disso, quando encarada por um homem, seu aspecto é de “prostituta divina ou, psicologicamente falando, aquele da anima sedutora, fica mais em evidência” (HURWITZ, 2006, p. 33). Quando encarada por uma mulher, tem aspectos da terrível mãe, prejudica mulheres grávidas e rouba as crianças recém-nascidas. Sempre propensa a matá-las, bebe seu sangue e suga os ossos, por isso é chamada “a estranguladora”.
Na Bíblia Cristã, ela somente aparece no livro de Isaías (34:14-15). O texto “é uma crítica veemente às grandes potências, anunciando a falência delas. Soa como grande intimidação frente ao orgulho e à injustiça com que os poderosos desfiguram a integridade da vida humana” (BALANCIN; STORNIOLO, 1991, p. 977). Então, o texto critica a opressão e, nesse sentido, menciona imagens fortes dos oprimidos. Nesse capítulo, segundo a visão do profeta Isaías, Deus condena os opressores, convidando-os para ouvir e, descreve a destruição das gerações que serão abandonadas, “Seus herdeiros são o pelicano, o ouriço; a coruja e o urubu fazem aí sua morada. Javé estenderá aí o prumo do caos e o nível da confusão.” (ISAÍAS 34:11). Em seguida,
Aí vão se encontrar o gato do mato e a hiena, o cabrito selvagem chamará seus companheiros; aí Lilit vai descansar, encontrando um lugar de repouso. Aí vai se aninhar a cobra, que botará, chocará os seus ovos e recolherá sua ninhada em sua sombra; aí se reunirão as aves de rapina, cada qual com sua companheira. (Is 34:14-15).3
Analisando o trecho, Lilith encontra-se entre animais de carga negativa, como urubu e coruja, hiena, animais da noite, que comem carne em decomposição, ratos e etc., são impuros e causam repulsa. Ela foi amaldiçoada por Deus a viver assim, banida. Lilith apresenta um aspecto dual, grande mãe terrível e anima sedutora. Nessa tradição, pode-se dizer que o feminino sempre foi visto como ameaçador, foi desvalorizado e demonizado. Já “a literatura interessa-se, sobretudo por Lilith, a revoltada, que na afirmação do seu direito à liberdade e ao prazer, à igualdade em relação ao homem, perde a si própria, assim como perde aqueles que a encontram” (BRUNEL, 1997, p. 583). Assim, Lilith é citada pela carga negativa que representa.
Pode-se, neste momento, trazer à tona um texto literário em que Lilith aparece. Em Fausto de Goethe, após cerrar o pacto com Mefisto, Fausto sai da realidade e participa de uma festa com bruxas, demônios e fantasmas, a “Noite de Valpúrgis”, quando ele dança com Lilith. Antes, pergunta quem é ela e Mefisto lhe diz que é a esposa número um de Adão. “Cautela com a formosa trança, / Que, unicamente, a adorna até a ilharga.” (GOETHE, 2004, p. 461). Lilith é descrita com cabelos longos, nua, com poder de seduzir os homens, características consoantes ao que se sabe dela.
Portanto, a figura de Lilith é ambígua, possui origens diversas e contraditórias, mas sempre se mantém seu aspecto negativo, destruidor e demoníaco. Ela está em constante mudança e se manifesta em todo e qualquer sentimento negativo tanto na mulher que se revolta, quanto no homem que liberta desejos ocultos. Sua figura tem sido omitida, mas a tradição da mitologia judaica, suméria e outras ainda preservam sua história. Mesmo que omitida da própria escritura sagrada, há vestígios que comprovam sua presença no texto de Isaías, mesmo com nomes diferentes nas diversas traduções.
Considerando Lilith como a serpente que faz com que Eva peque, pode-se, em uma linha dialógica, ilustrá-la com um afresco de Michelangelo, situado no teto da Capela Sistina, que mostra, em beleza celestial, o pecado original e a queda do Paraíso.
Nele, Adão e Eva estão sob a árvore do fruto proibido e, no tronco da árvore uma mulher, metade serpente, está enroscada. Eva aceita o fruto de sua mão. Ela é, conforme a Bíblia, a serpente que distorceu a palavra divina para convencer Eva. No entanto, retratada com tronco de mulher e com a parte inferior de serpente, pode ser considerada Lilith, pois, criada juntamente com Adão, possui forma humana, sob a ótica pictórica de Michelangelo, o que comprova esta análise interpretativa.
*Ester Zuzo de Jesus Possui Graduação em Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie com habilitação em Português e Inglês (2009). Foi pesquisador do Centro de Comunicação e Letras da UPM pelo grupo de pesquisa LEMI: Letras, Epistemologia, Memória e Identidade sobre a História do Curso de Letras da UPM (2008).
FONTE: Excertos do artigo “O Possível Entrelaçar do Eterno Mito Feminino: Eva e Lilith em Pandora

25 abril, 2012

Atlântida 28.000 a.C. a 12.500 a.C.




Esta foi a Civilização Atlante descrita por Platão.



Mais uma vez tudo se repetiu, os que ficaram recomeçaram tudo novamente, recriando as cidades que haviam sido destruídas, mas inicialmente não tentando cometer os mesmos erros da florescente civilização passada. Eles unificaram a ciência com o desenvolvimento espiritual a fim de haver um melhor controle sobre o desenvolvimento social.

Começaram a trabalhar com as Forças da Natureza, tinham conhecimento das hoje chamadas linhas de Hartman e linhas Ley, que cruzam toda a Terra, algo que posteriormente veio a ser muito utilizado pelos celtas que construíram os menires e outras edificações em pedra. Vale salientar que eles acabaram por possuir um alto conhecimento sobre a ciência dos cristais, que usavam para múltiplos fins, mas basicamente como grandes potencializadores energéticos, e fonte de registro de informações, devido a grande potência que o cristal tem de gravar as coisas.

Os Atlantes tinham grande conhecimento da engenharia genética, devido a isso tentaram criar "raças puras", raças que não possuíssem nenhum defeito. Esse pensamento persistiu até o século XX a ser uma das bases do nazismo.

Os Atlantes detinham grandes conhecimentos sobre as pirâmides, há quem diga que elas foram edificadas a partir desta civilização e que eram usadas como grandes condutores e receptores de energia sideral, o que, entre outros efeitos, fazia com que uma pessoa que se encontrasse dentro delas, especialmente a Grande Pirâmide, entrava em estado alterado de consciência quando então o sentido de espaço-tempo se alterava totalmente.

É certo que os habitantes da Atlântida possuíam um certo desenvolvimento das faculdades psíquicas, entre as quais a telepatia, embora que muito aquém do nível atingido pelos habitantes da primeira civilização. Construíram aeroplanos, mas nada muito desenvolvido, algo que se assemelharia mais ao que é hoje é conhecido como "asa delta".

Isto tem sido confirmado através de gravuras em certos hieróglifos egípcios e maias. Também em certa fase do seu desenvolvimento os atlantes foram grandes conhecedores da energia lunar, tanto que faziam experiências muito precisas de conformidade com a fase da Lua. A par disto foram grandes conhecedores da astronomia em geral.

Na verdade os atlantes detiveram grandes poderes, mas como o poder denigre o caráter daquele que não está devidamente preparado para possuí-lo, então a civilização começou a ruir. Eles começaram a separar o desenvolvimento espiritual do desenvolvimento científico. Sabedores da manipulação dos gens eles desenvolveram a engenharia genética especialmente visando criar raças puras. Isto ainda hoje se faz sentir em muitos povos através de sistemas de castas, de raça eleita ou de raça ariana pura. Em busca do aperfeiçoamento racial, como é da natureza humana o querer sempre mais os cientistas atlantes tentaram desenvolver certos sentidos humanos mediante gens de espécies animais detentoras de determinadas capacidades.

Tentaram que a raça tivesse a acuidade visual da águia, e assim combinaram gens deste animal com gens humano; aprimorar o olfato através de gens de lobos, e assim por diante. Mas na verdade o que aconteceu foi o pior, aqueles experimentos não deram certo e ao invés de aperfeiçoarem seus sentidos acabaram criando bestas-feras, onde algumas são encontradas na mitologia grega e em outras mitologias e lendas.

Ainda no campo da engenharia genética criaram algumas doenças que ainda hoje assolam a humanidade.

A moral começou a ruir rapidamente e o materialismo começou a crescer. Começaram a guerrear. Entre estas foi citada uma que houve com a Grécia, da qual esta foi vitoriosa. Enganam-se os que pensam que a Grécia vem de 2 000 a.C. Ela é muito mais velha do que o Egito e isto foi afirmado a Sólon pelo sacerdote de Sais.


Muitos atlantes partiram para onde hoje é a Grécia e com o uso a tecnologia que detinham se fizeram passar por deuses dando origem assim a mitologia grega, ou seja, constituindo-se nos deuses do Olimpio.

Por último os atlantes começaram a fazer experimentos com displicência de forma totalmente irresponsável com cristais e como conseqüência acabaram canalizando uma força cósmica, que denominaram de "Vril", sob a qual não tiveram condições de controlá-la, resultando disso a destruição final de Atlântida, que submergiu em uma noite.

Para acreditar que um continente tenha submergido em uma noite não é muito fácil, mas se analisarmos pelo suposto lado tecnológico que utilizavam, veremos até que provavelmente seria mais avançado que o nosso, o poder do cristal é muito maior do que imaginamos, os cristais estão presentes no avanço tecnológico, um computador é formado basicamente de cristais e o laser é feito a partir de cristais.



Mas antes da catástrofe final os Sábios e Sacerdotes atlantes, juntamente com muitos seguidores, cientes do que adviria daquela ciência desenfreada e conseqüentemente que os dias daquela civilização estavam contados, partiram de lá, foram para vários pontos do mundo, mas principalmente para três regiões distintas: O nordeste da África onde deram origem a Civilização egípcia; para América Central, onde deram origem a Civilização Maia; e para o noroeste da Europa, onde bem mais tarde na Bretanha deram origem à Civilização Celta.

A corrente que deu origem a civilização egípcia inicialmente teve muito cuidado com a transmissão dos ensinamentos científicos a fim de evitar que a ciência fora de controle pudesse vir a reeditar a catástrofe anterior. Para o exercício desse controle eles criaram as "Escolas de Mistérios", onde os ensinamentos eram velados, somente sendo transmitidos às pessoas que primeiramente passassem por rigorosos testes de fidelidade.

Os atlantes levaram com eles grandes conhecimentos sobre construção de pirâmides, e sobre a utilização prática de cristais, assim como conhecimentos elevados de outros ramos científicos como, a matemática, geometria, etc.

Pesquisas recentes datam a Esfinge de Gizé sendo de no mínimo 10.000 a.C. e não 4.000 a.C. como a egiptologia clássica afirma. Edgar Cayce afirmou que embaixo da esfinge existe uma sala na qual estão guardados documentos sobre a Atlântida, atualmente já encontraram uma porta que leva para uma sala que fica abaixo da esfinge, mas ainda não entraram nela. A Ordem Hermética afirma a existência não de uma sala, mas sim de doze.

A corrente que deu origem a civilização maia, foi muito parecida com a corrente que deu origem a civilização egípcia. Quando os atlantes que migraram para a Península de Yucatã antes do afundamento final do continente, eles encontraram lá povos que tinham culturas parecidas com a deles, o que não é de admirar, pois na verdade lá foi um dos pontos para onde já haviam migrado atlantes fugitivos da segunda destruição.

Também os integrantes da corrente que se direcionou para o Noroeste da Europa, e que deu origem mais tarde aos Celtas, tiveram muito cuidado com a transmissão do conhecimento em geral. Em vez de optarem para o ensino controlado pelas "Escolas de Mistérios" como acontecera no Egito, eles optaram por crescer o mínimo possível tecnologicamente, mas dando ênfase especialmente os conhecimentos sobre as Forças da Natureza, sobre as energias telúricas, sobres os princípios que regem o desenvolvimento da produtividade da terra.

Conheciam bem a ciência dos cristais, e da magia, mas devido ao medo de fazerem mal uso dessas ciências eles somente utilizavam-nos, mas no sentido do desenvolvimento da agricultura, da produtividade dos animais de criação, etc.

Atualmente as pessoas vêem a Atlântida como uma lenda fascinante, como algo que mesmo datando de longa data ainda assim continua prendendo tanto a atenção das pessoas. Indaga-se do porquê de tanto fascínio? Acontece que ao se analisar a história antiga da humanidade vê-se que há uma lacuna, um hiato, que falta uma peça que complete toda essa história.

Muitos estudiosos tentam esconder a verdade com medo de ter que reescrever toda a história antiga, rever conceitos oficialmente aceitos. Mas eles não explicam como foram construídas as pirâmides, como existiram inúmeros artefatos e achados arqueológicos encontrados na Ásia, África e América e inter-relacionados; e outros monumentos até hoje é um enigma.

Os menires encontrados na Europa, as obras megalíticas existentes em vários pontos da terra, os desenhos e figuras representativas de aparelhos e até mesmo de técnicas avançadas de várias ciências, os autores oficiais não dão qualquer explicação plausível.

Os historiadores não acreditam que um continente possa haver afundado em uma noite, mas eles esquecem que aquela civilização foi muito mais avançada que a nossa. Foram encontradas, na década de 60, ruínas de uma civilização no fundo do mar perto dos Açores, onde foram encontrados vestígios de colunas gregas e até mesmo um barco fenício. Atualmente foram encontradas ruínas de uma civilização que também afundou perto da China.

As pessoas têm que se conscientizar de que em todas as civilizações em que a moral ruiu, ela começou a se extinguir, e atualmente vemos isso na nossa civilização, e o que é pior, na nossa civilização ela tem abrangência mundial, logo se ela rui, vai decair todo o mundo.

Então o mais importante nessa história da Atlântida não é o acreditar que ela existiu e sim aprender a lição para que nós não enveredemos pelo mesmo caminho, repetindo o que lá aconteceu.





















MisteriosAntigos.Com
Bibliografia : Mistérios do Desconhecido




Parte da pesquisa foi uma colaboração e devidamente autorizada pelo autor de origem:
Autor: João Paulo do Egito