" Leve é o Corpo que se solta, Livre é a Alma que se entrega ao Amor.... Segue O que se ergue no Horizonte!"

- Grande Mãe, recebida por Ísis de Sírius

01 novembro, 2012

Convento de Tomar




Os meus pés pisavam a gravilha.
O silêncio preenchia o ambiente, apenas interrompido pelo canto dos pardais.
As sombras do Castelo bailavam á minha frente e as minhas pernas começaram a tremer e a tornarem-se muito pesadas.
Os pés arrastavam-se enquanto o meu coração começava a bater descompassadamente, ameaçando ssaltar para fora do meu peito.

Á minha frente surgiu um poço... tapado, frio. Institivamente os meus pés correram para ele e por trás de mim os cheiros intensificaram-se...cheiro da chuva e da terra molhada,  o trote dos cavalos a entrarem por trás de mim no grande pátio, soavam alto, os gritos roucos dos homens altos, vestidos de armadura de prata com a Cruz ao peito e o tilintar das suas armas de ferro. Desmontavam dos cavalos um a um e dirigiam-se sedentos ao poço, passando por mim e ignorando-me.
Fiquei tonta com a passagem do ar, aturdida com a rapidez com que passavam por mim e quase me tocavam, enquanto abriam caminho para o poço e faziam subir o balde para beberem sofregadamente entre gargalhadas.

Um Cavalo relinchou alto e fez-me saltar alerta, e acordei daquele momento, teletransportando-me para a realidade silenciosa, a verdadeira em que eu estava.
Era apenas um rouxinol cantando alegremente sobre o muro do pátio.

Virei as costas ao poço e abeirei-me da muralha do Castelo, admirando a paisagem do alto e qual não foi o meu espanto quando ouvi de novo um relinchar familiar, voltei-me e deparei-me com um lindo cavalo de olhos muito brilhantes que me reconheciam, tinha alguns arranhões por baixo dos olhos e estava cansado. Aproximou-se de mim e apoiou a sua cabeça em cima do meu ombro, como já não fazia há muito tempo...
Senti todo o seu peso, o seu calor e abracei-o feliz.

E por trás dele, um homem cansado, cujo sorriso franco me inundou de felicidade, os seus olhos negros em mim, expectantes...
O meu coração quase saltava do peito, levei as mãos ás saias para as limpar, para o abraçar finalmente.
Mas não tinha saias... silêncio profundo e ao erguer os olhos, nem cavaleiro de armadura reluzente, nem cavalo. Nem vida naquele pátio vazio...Nenhum som de qualquer espécie... só o compasso do meu coração.

Um vazio no meu olhar e no meu coração, enquanto o Sol brilhava majestoso e enchia tudo á minha volta de  diferentes tons de Azul.


Ísis de Sirius, em Viagens da minha Alma


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